SP: com medo de morrer, agentes dormem em CDP
Quinta, 5 de junho de 2008
Por medo de morrer, dezenas de funcionários têm dormido em alojamentos dos Centros de Detenção Provisória (CDP) 1 e 2 de Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Segundo o sindicato da categoria, a execução de três agentes e a descoberta de uma lista com 11 nomes jurados de morte causaram pânico, fazendo com que cerca de 60 carcereiros passassem a morar nas unidades prisionais.
A prisão de suspeitos das mortes não foi capaz de aliviar o clima de tensão. Procurada, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) disse que não comenta o fato.Entre 17 de abril do ano passado e maio deste ano, três agentes penitenciários dos CDPs de Osasco foram assassinados com sinais de execução no caminho entre suas casas e o trabalho.
Segundo o presidente do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado (Sifuspesp), João Rinaldo Machado, após a morte do último carcereiro, chegou às mãos dos agentes a lista de 11 nomes marcados para morrer, entre eles um diretor-geral e um diretor de disciplina da casa de detenção.
A Polícia Civil informou na quarta-feira sobre a prisão de suspeitos da morte dos agentes, mas o sindicato afirma que não foi suficiente.“Garanto que 50% dos funcionários não estão indo embora por receio de serem perseguidos no caminho para suas casas. Não temos proteção nenhuma”, diz o diretor de saúde do Sinfusfesp, Luiz da Silva Filho. Segundo ele, a situação também é tensa em outros presídios de São Paulo. “As cadeias estão superlotadas e o Judiciário é lento em liberar quem já cumpriu pena. Tudo pode acontecer”, diz.A solução para a insegurança foi a transferência dos ameaçados.
Em reunião nesta quinta-feira, foi acertada na SAP a mudança de quatro agentes penitenciários para unidades prisionais consideradas mais seguras.
Os diretores jurados de morte já haviam sido transferidos.
Alguns, mesmo marcados, recusam a transferência por morarem próximo a Osasco.
Para os que ficam, a solução é pernoitar, mesmo em condições precárias, no próprio local de trabalho.“O local não oferece a menor condição de conforto e até de higiene. Estão todos amontoados. Os carcereiros vivem tão mal quanto os próprios detentos”, disse João Rinaldo Machado.
Rigor
Segundo o Sinfusfesp, desde os ataques de 2006 da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), 32 agentes penitenciários foram mortos com indícios de execução.
Até o momento, apenas cinco destes crimes foram solucionados pela polícia, diz o sindicato.
A razão para as represálias aos agentes do CDP de Osasco seriam as condições precárias da unidade e o maior rigor no tratamento dispensado na casa.“O sentenciado acha que a culpa pelas regras impostas na unidade é do agente e desconta em quem está mais perto”, diz Filho.
Para ele, após a rebelião, ocorrida em abril, a cadeia, que tem capacidade para 780 e abrigava mais que o dobro disso, deveria ser desativada para uma reforma.
“As condições são muito precárias, há condenados vivendo com presos aguardando julgamento em uma cadeia de transição”, denuncia.Atualmente, a população prisional do Estado de São Paulo é de quase 200 mil detentos. O sindicato estima em 30 mil o número de servidores. Segundo cálculos do sindicato, divididos em turnos, cada funcionário precisa cuidar de 32 presos. De acordo com o Sinfusfesp, seria necessária a contratação de 15 mil novos agentes penitenciários para suprir a carência.
Redação Terra
Fonte:http://flitparalisante.wordpress.com
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