Família dos jovens aliciados costuma ser desestruturada
A forma mais conhecida de aliciamento é o traficante oferecer dinheiro a um adolescente em troca de algum tipo de favor. Mas muitas vezes ocorre o inverso, afirma a promotora da Infância e Juventude de Florianópolis Vanessa Cavallazzi.
Com Mário foi assim. Ele queria dinheiro e procurou o traficante porque gosta de usar tênis Nike Shox, que custa R$ 800. O adolescente afirma que vender maconha, crack e cocaína dá lucro. Além dos produtos de marca, sobra para beber bem e bastante nas baladas.
Vanessa diz que, por trás deste raciocínio, há uma extensa rede de problemas sociais e falta de perspectiva. Ela conta que a família dos jovens aliciados costuma ser desestruturada. A começar pela figura masculina. São poucos os casos de adolescentes com pais, e raros os homens que servem de modelo.
A promotora relata que quem cria é a mãe. Para colocar comida na mesa de uma família numerosa, que muitas vezes incluiu neto, ela passa 12 horas fora de casa. A consequência são crianças sem supervisão adequada. Um turno na escola e outro ao “Deus dará”.
Ex-desembargador e professor de Direito Penal da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Nilton Macedo Machado concorda que a família falha, e diz que a sociedade se omite. A lei determina que nestes casos o Estado é responsável pelo adolescente. Mas ele afirma que a realidade é diferente do papel.
O advogado da Infância e Juventude Enio Gentil Vieira Júnior ressalta que, mesmo que as famílias intercedam, esbarram em uma concorrência desleal. Enquanto a mãe impõe limites, o traficante permite tudo e ainda paga para as regras serem quebradas.
Os problemas não costumam acabar quando a Justiça determina uma medida socioeducativa. Segundo Vanessa, alguns centros para adolescentes infratores descumprem a lei que obriga a separação de adolescentes por gravidade do ato infracional, idade e porte físico. Também não oferecem cursos profissionalizantes.
No Centro Educacional São Lucas, o maior do Estado, em São José, houve uma denúncia de tortura há dois anos. Dois promotores foram à instituição, diz Vanessa. Encontraram porretes com apelidos sugestivos. Um deles foi batizado de “Estatuto da Criança e Adolescente”. A promotora conta que já houve melhora.
Fonte: http://zerohora.clicrbs.com.br
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