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sexta-feira, abril 23, 2010

Desabafo de um Agente

Não sei se devo, mas gostaria de participar...

A primeira impressão é a que fica? Desabafo de um agente, ou quase (ainda posso desistir!).

Olá, meu nome é futuro ou quase agente X e sou só um cidadão em busca do ganha pão para sustentar a família. Não bebo, não fumo, nunca roubei, nunca matei, nunca estrupei, nunca depedrei patrimônio público, nunca pichei, nunca cherei, fumei, lambi ou comi droga alguma. Estou participando do concurso para agente socioeducativo e agora em dezembro fiz meu primeiro estágio em um centro socioeducativo de Minas Gerais. Portanto gostaria de relatar aqui minha primeira impressão sobre o sistema, não que seja um emprego ruim, mas será que vale tanto sacrifício? Um ano e meio de espera e mais uma segunda prova a qual terei que fazer 70%...

Bom, reclamações a parte, entrou na chuva é para se molhar! Mas não perdendo o fio da meada... chegando ao centro me deparei com um lugar que mais parecia um parque ecológico do que uma unidade/centro de adolescentes autores de ato infracional. Lá conheci pessoas super educadas, trabalhadores que assim como eu buscam o pão de cada dia. Até então pensei que a atividade do agente era super tranqüila, diferente do relatado por alguns companheiros que já pertencem ao sistema. Engano meu, vi a realidade de perto quando os portões da unidade a qual estava foram trancados.



Entrei para um alojamento juntamente com mais 3 estagiários...Chegando no local o qual iríamos passar algumas horas fomos comunicados que o quadro de agentes estava abaixo do planejado, pois vários deles estavam de licença médica e férias (alguns agentes deram graças a Deus ao ver nossa chegada). Enfim, entrando no bloco número X, o portão foi fechado, até então não tinha nenhum adolescente solto, todos estavam presos já enfurecidos, querendo sair para realizar alguma atividade. Em frações de segundos os três agentes que lá estavam escalados para trabalharem no dia abriram os alojamentos e 15 adolescentes foram soltos. Alguns já saíram dando seu eventual bom dia: “OOOOOoooo DESGRAÇA”, outros dando empurrões e ombradas nos agentes (uma forma carinhosa de brincar). Soltos saíram andando de lá para cá como se estivessem em um beco ou favela, falando gírias e brincando de lutinha uns com os outros. Fiq uei imaginando: será que é assim no sistema prisional? O que será que diferencia um criminoso do outro? Melhor não comentar, não cabe a mim a julgar...

Mas voltando ao assunto, nesse mesmo período que estava observando pude ouvir vários comentários do tipo: “isso aqui mais parece uma colônia de férias do que um presídio”. Só então pude perceber onde estava amarrando minha égua. Indagações a parte, parei para refletir: Se os adolescentes (15 autores de ato infracional) se rebelassem contra esses três agentes em serviços e nós quatro (agentes estagiários) o que seria de nós? Éramos 7 e eles 15, e não eram 15 adolescentes com corpo de 12, eram adolescentes com corpo de 20. E apesar de estarem em desenvolvimento físico e mental, a todo tempo vi vários deles em conversas baixas, como se estivessem planejando algo. Mas o que seria? Talvez seja uma fuga? Uma tentativa de vingança para ferrar alguém? Quebrar uma janela ou pegar uma escova de dentes para fazer um chusso? Só Deus sabe..

No segundo tempo do rush pude presenciar o momento de alimentação dos adolescentes. Uma comida ótima, carne fresca, muita verdura e legume e um suco bem gelado para acompanhar. Só fiquei triste ao presenciar alguns adolescentes jogando a comida no lixo e outros jogando o copo com o suco inteiro no chão! Acho que isso deve ter sido apenas um desabafo do adolescente, afinal, o centro o qual estava oferecia só cinco refeições diárias. Pode ser que o adolescente não goste da comida, isso é normal?! Mas eu gostei, comi de filé de peixe com suco gelado a frutas frescas com pão com mussarela e presunto. Acabando o rango os adolescentes foram encaminhados para o alojamento, foram tirar uma boa soneca. Ficaram lá cerca de uma hora e meia e já chutando a porta do alojamento, enfurecidos querendo sair gritavam a todo instante: “O DESGRAÇA, tá na hora da atividade não?”. Eles q ueriam assistir um DVD o qual estava previsto para a atividade do dia.

Soltos para assistirem o filme, tudo correu bem, exceto pelos palavrões que um falava com outro a todo momento. No final do filme todos foram para segunda atividade, lanche e futebol. Comeram bastante (pão com presunto e mussarela, frutas e suco gelado) e depois foram jogar bola. No momento da pelada alguns sentaram um pouco afastado, estavam conversando baixo e olhando para os muros e grades do recinto até que alguns agentes os chamaram para participar da atividade. Final da atividade e quase final da minha pequena jornada os adolescentes foram encaminhados para o centro. Cantarolando músicas ao estilo funk (ai ai, ai meu piru, ai ai ai meu priu..., OOOOooooooooooo DESGRAÇA!), foram para o alojamento tomar banho e aguardarem a última refeição da noite.

Após o estágio fui para casa tomar um bom banho, deitei na cama e apaguei, levantei com uma dor no pé e acordei com a imagem do alojamento e das caras dos adolescentes. As palavras e conversas deles ficaram na minha mente por 5 horas depois que acordei. Ai parei novamente para pensar: Será que isso é normal? Será que é seguro para o agente trabalhar? Onde entra o respeito, a ética e a lei? Será que tomo posse ou não?
Mensagem postada em 12/12/2009
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