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terça-feira, maio 08, 2012

Cresce o número de adolescentes infratores em Betim


Minas Gerais registrou no primeiro trimestre de 2012 uma média de 10 homicídios por dia. Na capital, o número, divulgado pela Secretaria de Defesa Social (Seds) é de dois por dia. Já em Betim foram computadas 75 mortes nos primeiros meses desse ano, de acordo com informações da Delegacia de Homicídios da cidade. Além disso, não para de crescer o número de adolescentes que entram para a vida do crime.

Em Betim, o destino destes garotos e garotas autores de atos infracionais se tornou incerto. A pedido da Polícia Civil da cidade, as celas que os abrigavam no 2º Distrito Policial estão em processo de desativação. A instituição quer passar a administração dessas celas para a Seds, com a alegação de que os agentes não possuem capacitação específica para cuidar de adolescentes infratores. Enquanto isso, a questão ainda é analisada pela Seds, deixando esses adolescentes sem um destino.

Por outro lado a discussão sobre a construção de um Centro Socioeducativo na cidade, que movimentou o Legislativo no ano passado, ainda está paralisada. A Seds já liberou uma verba para a construção do equipamento, contudo a liberação do terreno ainda não foi definida devido a um impasse entre os parlamentares.

Mas como surge tanta criminalidade? Como detê-la? As perguntas são complexas e mais difíceis de serem respondidas do que algumas pessoas podem pensar. Contudo, o Jornal Aqui Betim se propôs a debater o tema e suas vertentes em uma série de reportagens que os leitores poderão conferir nesta semana.

Atualmente, uma das questões relacionadas à criminalidade mais alarmantes é o aumento considerável do número de adolescentes no sub-mundo do crime. O fato é comprovado nas delegacias e companhias militares de Betim e do Estado. O sociólogo especialista em estudos relativos à criminalidade, Robson Sávio, explica que existem vários fatores que justificam a iniciação de um indivíduo no crime, normalmente ainda na adolescência e na juventude. “Existe o aumento de taxas de crimes na juventude pois eles estão no momento da vida em que correm mais risco, pois possuem menos controle por parte dos pais, começam a frequentar diversos ambientes, a beber e até a usar drogas. As altas taxas de desemprego, instituições socializadoras como família e escolas, que não respondem adequadamente às demandas da juventude, corroboram para que esses jovens entrem na criminalidade”, diz.

Para o especialista, é complexo explicar o real motivo pelo qual esses adolescentes e jovens são inseridos na criminalidade pois boa parte dos crimes são praticados quando a pessoa tem oportunidade de realizá-los, seja para conseguir dinheiro, droga ou quando encontram uma vítima disponível para obter o que ele (criminoso) quer. “Alguns fatores podem propiciar atitudes criminosas e este (a oportunidade) é um deles. Outros motivos são a fragilidade dos instrumentos públicos de controle do crime, a Justiça lenta, legislação não cumprida, polícia pouco eficiente, além da sensação de impunidade, que é aquela ideia de saber que como o processo da Justiça é lento, o indivíduo pode praticar o crime que nada vai acontecer com ele”, afirma.

Robson declara que o aumento da criminalidade violenta no Brasil tem relação com o aumento do tráfico de drogas. Segundo ele, a atividade começou no Brasil durante a década de 1980 em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, tendo se espalhado para outras capitais brasileiras e hoje está presente até em cidades pequenas. Ele explica que o tráfico em conjunto com sistemas políticos ineficientes e instituições socializadoras que não educam como deveriam, são agravantes para que crianças e adolescentes não possuam boas condutas. “A engrenagem do tráfico de drogas só funciona bem se o sistema não funcionar bem. Aquelas crianças que não têm controle dos pais, ficam nas ruas e acabam adentrando em atividades do tráfico de drogas. A medida que eles vão conseguindo ter dinheiro fácil eles querem cada vez ter mais, ter acesso a armas de fogo, entrar em atividades mais perigosas como chefes de boca de fumo e de gangues”, esclarece.

Ele ainda explica que adolescentes e jovens permanecem no sub-mundo do crime por meio do tráfico de drogas porque é naquele meio que eles enxergam uma forma de pertencimento, principalmente em comunidades muito pobres. “Para uma parcela bastante pequena de jovens, o tráfico de drogas e a droga funcionam como mecanismo de acesso ao poder”, diz.

No entanto, ele explica que por trás do tráfico de drogas, está uma série de fatores que justificam o crime. “Prospera-se o aumento do tráfico porque temos um sistema judicial enfraquecido que não pune adequadamente, alguns policiais impermeáveis a corrupção e instituições que não ressocializam”, completa.

E se engana quem pensa que a criminalidade é apenas um problema de segurança pública. Segundo Robson, a facilidade em se conseguir uma arma de fogo ilegalmente fortalece a ação de criminosos que matam jovens (muitas vezes também envolvidos com crimes) ou os ferem de maneira grave , retirando do País mão de obra na melhor faixa etária para se trabalhar. “Existe um estudo mostrando impactos no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil por causa do número de morte de jovens. Em 70% dos homicídios no País as vítimas estavam na faixa de 14 a 29 anos de idade. Além disso, por causa da guerra do tráfico o custo para o Brasil é imenso pois muitas vítimas de balas ficam com sérias sequelas e são aposentadas por invalidez”, explica.

Para o especialista, a solução não está apenas em prender criminosos e desenvolver um trabalho repressivo por parte da polícia. Embora seja clichê afirmar, o ponto principal da resolução do problema da criminalidade está no investimento em educação para que a criança cresça com uma perspectiva de vida. “É um conjunto de fatores que pode reverter o jogo, como escolas em tempo integral, atividades de cultura, esporte e lazer e políticas sociais voltadas para famílias em vulnerabilidade social”, conclui.

Na segunda matéria da série, que será publicada na terça-feira, a reportagem mostrará a vida de adolescentes que cometem atos infracionais e qual o destino deles, uma vez que, por Lei, antes dos 18 anos eles não podem ser presos.

Fonte:http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2012/05/07/interna_gerais,292967/cresce-o-numero-de-adolescentes-infratores-em-betim.shtml

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