A repórter Michelle Barros foi ver de perto, como está a situação na Cracolândia e conversou com usuários da droga que ainda esperam por socorro.
Os consumidores de crack que antes ficavam no Centro de São Paulo agora estão se espalhando pela cidade. São centenas de adultos, crianças, idosos, homens e mulheres, muitas delas grávidas e que precisam de tratamento médico. Na quarta-feira (11), o número de policiais que participam da ocupação da Cracolândia quase triplicou: passou de 100 para 287. Mas a operação tem sido bastante criticada.
Foram muitos os caminhos que levaram pessoas à Cracolândia. “Vamos beber, vamos fumar maconha. Depois da maconha para cocaína e no final foi isso: o crack”, contou o ex-vigilante Cleiton Cândido de Faria.
“Quando a minha mãe morreu, aí eu comecei a usar, porque eu queria morrer também. Agora é por causa do meu ex-marido. Eu estava depressiva por causa dele”, alegou Paula Silva Rodrigues, de 27 anos.
Faz pouco mais de uma semana que começou uma operação para expulsar os usuários de drogas do Centro de São Paulo. Mas agora muitos perambulam pelas ruas e avançam para outros bairros.
“Você pega na rua ali na frente ou na rua de baixo. Em um canto, tem muito. Para destrancar até sua casa, você tem medo. Tem medo de abrir até a porta da sua casa”, diz a dona de casa Maria Aparecida de Paula Silva.
Um grupo se instalou bem perto de uma loja. “Está sendo muito ruim, porque nós estamos perdendo venda. Os clientes estão com medo de vir”, lamenta o gerente de loja José Jorge da Silva.
O Ministério Público também questiona a ação. “Ela não combate o trafico de entorpecentes na medida em que ela simplesmente espalha os usuários de entorpecentes para outras regiões da cidade”, aponta o promotor Eduardo Valério.
“O que eles estão chamando de migração dos usuários é exatamente a nossa estratégia, que é não permitir que a logística do tráfico se estabeleça num só local. Nós não vamos permitir que traficante e usuário estejam reunidos de uma forma a facilitar a vida dos traficantes”, declarou a secretária da Justiça de São Paulo, Eloisa de Sousa Arruda.
Muitos dependentes decidiram buscar ajuda nas tendas montadas no Centro da cidade pela prefeitura. De lá, são encaminhados para os serviços de saúde e de assistência social. “Essa daqui, por ser bem próxima e por ser de criança e adolescente, de 30% a 40%”, avalia Maria Inês Cordeiro Gabriel, supervisora de Assistência Social da prefeitura.
Outra grande ajuda vem dos projetos religiosos. Um estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que as igrejas são as que mais oferecem auxílio aos dependentes químicos da Cracolândia.
Um projeto da igreja de assistência às vítimas do crack funciona há quase dois anos. A casa fica aberta durante 24 horas por todos os dias da semana. As pessoas podem vir, comer, tomar banho e ir embora ou decidir se querem ficar e seguir para a internação.
“O principal mesmo é trazê-los pela comida, mas oferecer para eles um abrigo, um refúgio, sair das drogas e ir a uma casa de recuperação”, contou Gerson Machado, missionário da Igreja Batista.
Fora da Cracolândia, mas ainda nas ruas, a ex-vendedora Sandra Aparecida de Freitas espera por ajuda. “Minha única esperança é de a minha mãe vir aqui ou então eu arrumar clínica com remédio para fazer tratamento e terminar agora”, diz.
Adriano Santos Alencar, de 21 anos, já conseguiu. “Vou para a clínica e, depois que sair da clínica, vou para minha casa e tentar tudo de novo. Se Deus quiser, eu consigo”, espera.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, proibiu o uso de balas de borracha e bombas de efeito moral na operação na Cracolândia. De acordo com a Secretaria da Saúde, desde o início da ação, 160 pessoas foram encaminhadas para tratamento e 61 foram internadas. Ainda é muito pouco. O esforço precisa ser bem maior.
Fonte: http://g1.globo.com
Os consumidores de crack que antes ficavam no Centro de São Paulo agora estão se espalhando pela cidade. São centenas de adultos, crianças, idosos, homens e mulheres, muitas delas grávidas e que precisam de tratamento médico. Na quarta-feira (11), o número de policiais que participam da ocupação da Cracolândia quase triplicou: passou de 100 para 287. Mas a operação tem sido bastante criticada.
Foram muitos os caminhos que levaram pessoas à Cracolândia. “Vamos beber, vamos fumar maconha. Depois da maconha para cocaína e no final foi isso: o crack”, contou o ex-vigilante Cleiton Cândido de Faria.
“Quando a minha mãe morreu, aí eu comecei a usar, porque eu queria morrer também. Agora é por causa do meu ex-marido. Eu estava depressiva por causa dele”, alegou Paula Silva Rodrigues, de 27 anos.
Faz pouco mais de uma semana que começou uma operação para expulsar os usuários de drogas do Centro de São Paulo. Mas agora muitos perambulam pelas ruas e avançam para outros bairros.
“Você pega na rua ali na frente ou na rua de baixo. Em um canto, tem muito. Para destrancar até sua casa, você tem medo. Tem medo de abrir até a porta da sua casa”, diz a dona de casa Maria Aparecida de Paula Silva.
Um grupo se instalou bem perto de uma loja. “Está sendo muito ruim, porque nós estamos perdendo venda. Os clientes estão com medo de vir”, lamenta o gerente de loja José Jorge da Silva.
O Ministério Público também questiona a ação. “Ela não combate o trafico de entorpecentes na medida em que ela simplesmente espalha os usuários de entorpecentes para outras regiões da cidade”, aponta o promotor Eduardo Valério.
“O que eles estão chamando de migração dos usuários é exatamente a nossa estratégia, que é não permitir que a logística do tráfico se estabeleça num só local. Nós não vamos permitir que traficante e usuário estejam reunidos de uma forma a facilitar a vida dos traficantes”, declarou a secretária da Justiça de São Paulo, Eloisa de Sousa Arruda.
Muitos dependentes decidiram buscar ajuda nas tendas montadas no Centro da cidade pela prefeitura. De lá, são encaminhados para os serviços de saúde e de assistência social. “Essa daqui, por ser bem próxima e por ser de criança e adolescente, de 30% a 40%”, avalia Maria Inês Cordeiro Gabriel, supervisora de Assistência Social da prefeitura.
Outra grande ajuda vem dos projetos religiosos. Um estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que as igrejas são as que mais oferecem auxílio aos dependentes químicos da Cracolândia.
Um projeto da igreja de assistência às vítimas do crack funciona há quase dois anos. A casa fica aberta durante 24 horas por todos os dias da semana. As pessoas podem vir, comer, tomar banho e ir embora ou decidir se querem ficar e seguir para a internação.
“O principal mesmo é trazê-los pela comida, mas oferecer para eles um abrigo, um refúgio, sair das drogas e ir a uma casa de recuperação”, contou Gerson Machado, missionário da Igreja Batista.
Fora da Cracolândia, mas ainda nas ruas, a ex-vendedora Sandra Aparecida de Freitas espera por ajuda. “Minha única esperança é de a minha mãe vir aqui ou então eu arrumar clínica com remédio para fazer tratamento e terminar agora”, diz.
Adriano Santos Alencar, de 21 anos, já conseguiu. “Vou para a clínica e, depois que sair da clínica, vou para minha casa e tentar tudo de novo. Se Deus quiser, eu consigo”, espera.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, proibiu o uso de balas de borracha e bombas de efeito moral na operação na Cracolândia. De acordo com a Secretaria da Saúde, desde o início da ação, 160 pessoas foram encaminhadas para tratamento e 61 foram internadas. Ainda é muito pouco. O esforço precisa ser bem maior.
Fonte: http://g1.globo.com
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