LUCAS SIMÕES
"Todo mundo ficou revoltado. Por isso, bateram nele sem dó". A justificativa para o espancamento de um menino de 12 anos é de um aposentado que ajudou a socorrer o adolescente, depois que ele foi arrastado para um barracão e agredido supostamente por dois traficantes do bairro Palmares, em Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte. As agressões, que aconteceram anteontem à tarde, foram consideradas uma represália ao estupro praticado pelo jovem contra uma menina de apenas 2 anos.
Segundo o tenente Davison Lopes de Oliveira, da 213ª Cia. do 48º Batalhão de Polícia Militar, o adolescente ficou responsável por tomar conta de duas crianças, de 2 e 3 anos, filhas de uma vizinha, durante a tarde do último sábado. Após a saída da mulher, ele teria estuprado a menina de 2 anos na sala da residência. "Fomos acionados para atender uma denúncia de abandono de incapaz no local. Ao chegarmos lá, descobrimos o estupro", disse o militar.
Ao entrarem na residência, os militares encontraram a avó da criança, que suspeitou do abuso sexual e relatou ter voltado para casa e não ter encontrado o jovem. "Ela resolveu dar um banho na menina porque a criança chorava muito. Aí, viu um sangramento nas partes íntimas dela", disse o militar.
A menina foi encaminhada para o Hospital Municipal de Ibirité e transferida, em seguida, para o Odilon Behrens, na região Noroeste de Belo Horizonte, onde foi constatado o abuso sexual.
Agressões
Conforme informações da Polícia Militar, o menor tem envolvimento com o tráfico de drogas, mas os responsáveis pelas agressões ainda não foram identificados como traficantes. Apesar disso, testemunhas informaram que viram dois homens armados com pistolas 9 mm conduzindo o menor pelo braço até um barracão na rua Ubá, onde ele teria sido espancado com coronhadas na cabeça, além de chutes e socos pelo corpo. "Eles o procuraram no sábado e não acharam. Aí, voltaram no domingo e foram incentivados a agredir a criança por outros moradores", disse um aposentado de 72 anos, que mora na região.
O adolescente, que foi jurado de morte, foi encontrado caído em frente a uma igreja evangélica, na rua Ubá, próximo à casa de parentes, por volta das 11h. Com ferimentos graves na cabeça e escoriações por todo o corpo, ele foi socorrido por moradores da rua. Segundo testemunhas, o menor estava visivelmente abalado e chegou a relatar outra versão para as agressões. "Ele falou que tinha caído da bicicleta, mas ele não soube dizer onde tinha deixado a bicicleta", disse um vendedor de 20 anos. O jovem e um primo dele acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para socorrer o adolescente. Ele foi levado para o Hospital Municipal de Ibirité, onde permanecia em observação até a tarde de ontem. O menor esteve acompanhado da mãe, que informou não ter "nada a declarar" sobre o caso.
Ligação com o tráfico
O menor que foi linchado pelos moradores do bairro Palmares tem envolvimento com o tráfico de drogas, segundo a Polícia Militar. Ele se mudou há alguns meses de Nova Contagem, em Contagem, na região metropolitana, para morar com a avó, em Ibirité. Segundo o tenente Davison de Oliveira, o menino trabalha para traficantes como olheiro desde que se estabeleceu na região. Apesar disso, o adolescente não possui registros na polícia. A reportagem tentou entrar em contato com a mãe da menina vítima de estupro, mas ela não foi localizada.
Mesmo assim, vizinhos informaram que o adolescente agredido tomava conta das crianças em outras ocasiões. "Ele estava sempre por aqui, era brincalhão e não causava transtornos para ninguém", disse um aposentado de 72 anos, morador da região, que teve a identidade preservada. (LS)
Mesmo assim, vizinhos informaram que o adolescente agredido tomava conta das crianças em outras ocasiões. "Ele estava sempre por aqui, era brincalhão e não causava transtornos para ninguém", disse um aposentado de 72 anos, morador da região, que teve a identidade preservada. (LS)
FOTO: CHARLES DUARTE/Adolescente, que foi agredido e jurado de morte por traficantes, foi encontrado caído em um terreno de Ibirité
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